Uma tarde em Damão (Índia)

A viagem de comboio de Mumbai para Vapi, a estação de caminhos de ferro mais próxima de Damão, durou cerca de 4 horas, num compartimento repleto de gente curiosa, faladora e simpática. De Vapi a Damão são cerca de 13 quilómetros que percorri de taxi com mais 5 ou 6 pessoas!...
Damão é por certo o menos falado dos territórios que até 1961 fizeram parte do chamado Estado Português da Índia. O primeiro contacto dos portugueses com Damão ocorreu em 1523, mas só em 1559 a zona de Damão Grande (Moti Daman, na margem esquerda do rio) veio a ser definitivamente cedida aos portugueses pelo rei de Cambaia. Damão Pequeno (Nani Daman, na margem direita) só foi ocupada em 1614. De Damão faziam parte também os enclaves de Dádra e Nagar-Aveli que passaram para o controle da Índia em 1954.
Ainda hoje Damão é um enclave no Estado de Gujarat com 72 quilómetros quadrados e com pouco mais de cem mil habitantes. Apesar do seu tamanho - uma pinta no mapa da Índia! - tem desde 1987 a sua Assembleia e leis próprias (pertence, juntamente com Diu, ao Território da União Indiana Daman and Diu), uma delas, quase uma ofensa para o estado onde está encravado, é a que permite o fabrico e consumo de bebidas alcoólicas.
Situado na foz do Daman Ganga (o Ganges de Damão! conhecido também por Sandalcalo) Damão é dividido pelo rio: na margem norte, Damão Pequeno (Nani Daman), onde vive a maior parte da população, se desenvolve a quase totalidade da actividade económica do território e onde se destaca a fortaleza de S. Jerónimo e o bulício da cidade; na margem sul, Damão Grande (Moti Daman), muito tranquila, o destaque vai para a imponente fortaleza de S. Filipe (foi uma das nomeadas para as 7 Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo) e para a igreja do Bom Jesus.























































Para voltar ao Índice clicar aqui

2 comentários:

Unknown disse...

Achei essa descrição muito linda e verdadeira sobre Damão. Quando estive em Damão pela primeira vez em 1970 muita gente falava português ainda nas ruas, incluindo hindus e moiros. Aqui se vê a língua portuguesa mantida pelos cristãos de Damão sem nenhum apoio de Portugal. Gostei bastante de ouvir a missa e orações em português todos os dias nas igrejas de Damão, em português correcto e não crioulo.
Quando fui lá uns três meses atras, pouca gente falava português pelas ruas, mas em casa era português embora mal falado. Achei muito sossegado andar pelas ruas de Damão Grande.

Glória Vilbro disse...

Pensava que estava tudo ligado: Goa, Damão e Diú (é assim que se escreve?). O meu pai tinha bons amigos goeses, e lá por casa sempre se falou muito de Goa.
Gostei muito de ver finalmente,fotografias de lá, dos sítios, das paisagens... Tudo muito lindo, como sempre!